Toda vez em que penso em cozinha, inevitavelmente me lembro da D. Maria e do Sr. João. Formavam um típico casal caipira, ela com lenço de pano na cabeça e avental, e ele que não largava seu chapéu e o lenço vermelho amarrado ao pescoço.
Tive o privilégio de conviver com a dupla em muitos finais de semana, quando ia para o sítio com meus pais. Antes de chegarmos ao nosso destino, era fatal uma passada na padaria para comprar pão e salame e, assim que o carro encostava na porteira, lá vinha Sr. João sorridente nos receber.
D. Maria sempre estava alimentando as galinhas e eu sorrateiramente a cumprimentava, porque tenho verdadeiro pavor desses bichos penosos. Já catei cobra, tatu, rato, mas pássaros não rola! É pavor verdadeiro e, se for filhote, pior. Sei, é ridículo mesmo!
Rapidamente me entocava na cozinha, de chão vermelhão de cimento e sempre com o fogão à lenha acesso. Ela tinha um armário sensacional, um guarda-comida com tampo de mármore. Sua mesa era de madeira de demolição e lotada de coisas: xícaras esmaltadas, potinhos e nunca faltava um vasinho com flores do campo.
Adorava tomar café com eles. Contavam os causos ocorridos na semana, falavam sobre seus filhos e Sr. João sempre fazia uma caminhada conosco, ora para apanhar frutas das árvores, ora para me levar para alimentar os cavalos. Foi numa dessas caminhadas que adquiri meu primeiro móvel antigo, um criado-mudo de marchetaria que uso como mesa lateral até hoje.
Esses momentos foram tão marcantes que meu padrão de cozinhas é o da D. Maria. Fico até lisonjeada quando minha irmã ou mãe chegam aqui em casa e se deparam com o meu livreiro que uso como guarda-comida, repleto de coisas em cima, e falam: nossa, tá igual à cozinha da D. Maria. Tá certo que elas se referem à bagunça, mas interpreto como um elogio!
Por isso, pra mim uma cozinha precisa ter uma mesa ( por menor que seja ), alguns elementos rústicos, precisam ter alma e cor, cheiro de comida e serem ambientadas como qualquer outro cômodo da casa, com direito a espelho e quadro. E isso não quer dizer que precisam necessariamente ser uma cozinha caipira, podem inclusive conviver com um móvel planejado…
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Fontes: Mi espacio vital / 79 Ideas / Blue Vintage / Emmas Design / Heather Nette king / Interiors Porn / Pinterest / Planete Deco / The Style Files
25 de abril de 2012 at 8:39
Pode ser que a nossa esteja como a da dona Maria, mas ainda falta o cheiro da comida! Hahahahaha E comida, né? Hahahaha
25 de abril de 2012 at 9:03
tem pessoas que marcam as nossas vidas mesmo.
eu lendo a historia de d.maria e s. joão lembrei dos meus avos,
na verddade eles eram bisavos,mas como criaram minha mae,para nos eram avos.
a sua cozinha era assim,cheia de coisinhas fofas,e ela costurava, ai fazia tudo combinando,tipo o pano do filtro,da geladeira,do fogão
tudo combinadinho.
a minha cozinha parece muito com essa da 5 foto,
é toda planejada,e como è a vista,procuro não encher muito.
salvei a porta do post anterior.
baci
25 de abril de 2012 at 10:00
Amei todas Helka, mas a segunda tem uma magia especial, acho que a luz vinda da janela maravilhosa nas alturas.
Show sua postagem, a descrição dos passeios. Agora acho incrível que tanta gente tenha medo das aves,nãoé só vc. Eu amo tanto, vou te mandar uma foto por email…rs
bjuu
25 de abril de 2012 at 12:27
Tenho uma visão de cozinha parecida com a sua. Amo cozinha caipira, com elementos marcantes e rústicos. A cozinha, sim, deve ter vida, cor e acima de tudo ter personalidade.
Aliás parabéns pois a sua cozinha é tudo de bom, fofa demais.
bjs
25 de abril de 2012 at 23:46
Oi Helga!
De manhã consegui entrar aqui rapidamente, e meu comentário acabou não saindo, acho que essa minha net, está me dando voltas.
Adorei sua história. D. Maria está presente em muitas dessas cozinhas que postou. Sua cozinha deve ter todo esse encanto, da memória afetiva que guarda. Isso é uma delícia e não tem realmente preço. A cozinha mais requintada perde longe.
Beijos!!